EM SUA 28ª EDIÇÃO, MOSTRA TIRADENTES DESTACOU IDENTIDADE CULTURAL E AMPLIAÇÃO DE OLHARES PARA O CINEMA BRASILEIRO COMO DESAFIOS À PRODUÇÃO

Publicado em 04 fev 2025

Depois de nove dias de intensas atividades e discussões, a 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes segue consolidada como um dos principais espaços de reflexão e perspectivas do cinema brasileiro contemporâneo. O tema “Que Cinema é Esse?”, adotado na edição de 2025, provocou discussões sobre desafios, contradições e oportunidades para o setor audiovisual brasileiro e tratou questões como sua internacionalização, políticas públicas de fomento, distribuição e relação entre cinema e identidade cultural.

Algumas das ideias a circular levantaram a questão-chave de como o cinema brasileiro pode dialogar melhor com seu público, ainda mais num momento em que um filme como “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, tem mobilizado atenções, ao mesmo tempo em que dezenas de outros trabalhos lutam para serem vistos num circuito dominado por vícios de mercado. O cineasta Guilherme de Almeida Prado apontou a encruzilhada do país nesse momento. “O problema é que, muitas vezes, fazemos um filme que parece importante, mas ninguém quer ver. Enquanto não tivermos filmes que falam de nós e para um público que os reconheça, continuaremos gastando dinheiro sem alcançar o público”, afirmou. 

O comentário de Almeida Prado traz à tona um dilema recorrente na produção cinematográfica do país: a dificuldade de equilibrar inovação artística e conexão com a audiência. A historiadora Sheila Schvarzman relacionou o cinema brasileiro aos momentos políticos do país. Segundo ela, “a produção vai bem quando o país vai bem, como dizia Carlos Reichenbach. E quando o país vai mal, o cinema sofre”. Ela ressaltou a importância de políticas culturais sólidas e duradouras que garantam a continuidade audiovisual mesmo em tempos de crise econômica ou instabilidade política.

O crítico Pedro Butcher exaltou a importância de valorizar as conquistas internacionais do cinema nacional, mas sem perder de vista a necessidade de políticas públicas estruturantes. “Temos que celebrar e aproveitar esse momento com o Brasil em evidência no mundo do cinema, mas também com a consciência de que não é o Oscar que vai salvar a gente. Precisamos muito de políticas públicas para apoiar essa internacionalização como política de Estado, não de governo, o que garante a continuidade”, alertou.

A produtora Luana Melgaço reforçou a importância de ampliar os horizontes da circulação internacional do cinema brasileiro. “Costumamos valorizar marcos como o Oscar, Cannes e Berlim, por exemplo, mas há muitas outras oportunidades e caminhos possíveis para realizadores e produtores traçarem. Não podemos focar apenas nesses espaços maiores”, afirmou. Para o cineasta Gabriel Martins, é necessário diversificar os circuitos de exibição e evitar dependência excessiva dos festivais europeus. “Talvez estejamos deixando de lado eventos igualmente importantes, alguns da África e outros na América Latina”.

Além disso, o cineasta Luiz Pretti falou sobre o tema da preservação do patrimônio audiovisual brasileiro, sempre um assunto delicado e em constante mobilização da classe. Pretti comentou a grande quantidade de filmes importantes que permanecem esquecidos ou inacessíveis. “Quantos títulos estão sumidos e esperando redescoberta?”, questionou. A urgência dessa questão, para ele, amplia a importância de políticas públicas voltadas à restauração e digitalização de acervos cinematográficos.

Reunindo 89 pessoas, entre cineastas, produtores, gestores culturais e representantes do poder público, o 3º Fórum de Tiradentes – Encontros pelo Audiovisual Brasileiro tratou da produção como um setor econômico estratégico. A secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, enfatizou a importância de políticas descentralizadas e articuladas em diversas esferas do governo. “Uma abordagem federativa e colaborativa permite atender necessidades locais sem perder o direcionamento estratégico nacional”, afirmou.

A deputada federal Benedita da Silva reforçou a dimensão social do audiovisual, apontando sua relevância para o desenvolvimento do país. “Nossa produção é peça fundamental a isso”, afirmou, ressaltando a necessidade de profundas articulações políticas para avançar com pautas favoráveis ao setor. Esse ponto foi aprofundado no debate sobre financiamento público e investimentos. 

Roberta Cristina Martins, secretária nacional dos Comitês de Cultura do Ministério da Cultura, ressaltou o papel do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) como mecanismo essencial de fomento. “O FSA é uma programação especial do Fundo Nacional de Cultura e conta com recursos oriundos da própria atividade audiovisual, o que o diferencia de outros fundos culturais”, explicou.

O diretor da Ancine, Paulo Alcoforado, comentou os diferentes modelos de financiamento disponíveis para produtores e distribuidores. Ele chamou atenção de que a Ancine opera tanto com recursos retornáveis quanto não retornáveis, dependendo do tipo de projeto, e reforçou a necessidade de ampliar a infraestrutura do setor e de regulamentar o VOD (Video on Demand), um dos grandes desafios legislativos para os próximos anos.

A presença em Tiradentes do presidente da Embratur, Marcelo Freixo, sinalizou um novo olhar do governo para a relação entre cinema e turismo. Freixo destacou que a reconstrução da imagem do Brasil no cenário global passa necessariamente pela valorização da cultura e do audiovisual. Ele ressaltou a necessidade de um modelo de turismo sustentável e responsável, no qual o audiovisual desempenhe um papel estratégico. “Não queremos um Brasil para o turista e outro para o brasileiro. Queremos um país único, onde a experiência do visitante reflita o Brasil que queremos para nós mesmos”, disse.

Entre as iniciativas da Embratur, Freixo falou da criação de uma Film Commission nacional, mecanismo essencial para atrair produções internacionais e organizar os investimentos no setor. “O Brasil, entre as dez maiores economias do mundo, é o único país que ainda não tem uma estrutura desse tipo em nível federal”, comentou Freixo. Ele aproveitou para anunciar a segunda edição do edital de curtas “Brasil com S”, com foco em produções feitas na Amazônia.

As mesas de discussão e os filmes nas telas, ao longo de toda a Mostra, evidenciaram um cenário em transformação, que tenta fortalecer sua identidade, ampliar alcance e consolidar políticas públicas eficazes, tendo por resultado filmes inventivos que se espalham pelos vários imaginários possíveis da produção brasileira. O coordenador curatorial da Mostra, Francis Vogner dos Reis, sintetizou: “Tiradentes é reconhecida como um espaço para filmes de autores e radicais, e isso faz parte do ecossistema do nosso cinema. Mas existe um desejo crescente de dialogar além desse circuito e pensar em como alcançar novos públicos”. O desafio segue posto, e a Mostra de Tiradentes segue como elemento primordial desse processo.

28ªMOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES CELEBRA RETORNO DA PETROBRAS COMO PATROCINADORA MASTER

A 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, um dos mais relevantes eventos do audiovisual brasileiro, celebra o retorno da PETROBRAS como patrocinadora máster, reforçando seu compromisso com o desenvolvimento social, econômico e cultural por meio da arte. Com programação gratuita de 24 de janeiro a 1º de fevereiro, a Petrobras marca presença no “Cine Petrobras na Praça”, na “Mostra Valores” e no Cortejo da Arte, que homenageia a Serra São José. Reconhecida como uma das maiores apoiadoras da cultura no Brasil, a PETROBRAS, com atuação estratégica em Minas Gerais desde 1968 através da Refinaria Gabriel Passos (Regap), amplia seu impacto no estado ao conectar sua marca à cultura e à geração de oportunidades. O patrocínio máster da PETROBRAS na 28ª Mostra Tiradentesé um marco transformador, que traz novo fôlego para a promoção do cinema brasileiro e impulsiona trabalho e renda, reafirmando a cultura como motor de desenvolvimento e expansão global do cinema nacional.

SOBRE A MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES

PLATAFORMA DE LANÇAMENTO DO CINEMA BRASILEIRO

Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país e chega a sua 28ª edição de 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025, em formato online e presencial. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.

O evento exibe 140 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema, Fórum de Tiradentes, Conexão Brasil CineMundi e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita. Mais informações www.mostratiradentes.com.br

Link para fotos:

LABORATÓRIO DE DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE LONGAS | PROJETOLAB

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SERVIÇO

28a MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES | 24 de janeiro a 1º de fevereiro de 2025 | PROGRAMAÇÃO GRATUITA

LEI FEDERAL DE INCENTIVO À CULTURA

Patrocínio Máster: PETROBRAS

Patrocínio: CBMM, INSTITUTO CULTURAL VALE, ITAÚ, EMBRATUR, BB ASSET, CSN, CAIXA, EMGEA, SEBRAE, COPASA | GOVERNO DE MINAS GERAIS

Parceria Cultural e Educacional: SPCINE,SENAC E SESC EM MINAS, INSTITUTO UNIVERSO CULTURAL, CASA DA MOSTRA

Apoio: PREFEITURA DE TIRADENTES, CONECTA, CANAL BRASIL, CINECOLOR, DOT, EMBAIXADA DA FRANÇA, FESTIVAL SCOPE, MAFF, MISTIKA, NAYMOVIE, O2 PÓS, RETRATO FILMES, THE END.
Idealização e realização: UNIVERSO PRODUÇÃO
MINISTÉRIO DA CULTURA – GOVERNO FEDERAL| UNIÃO E RECONSTRUÇÃO

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