PONTO DE PARTIDA AVANÇADO: O GIRASSOL VERMELHO, DE EDER SANTOS

Nesta 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes, o filme de abertura já nos lança a pergunta central da edição deste ano: “Que cinema é esse?”. O Girassol Vermelho, de Eder Santos, desafia fronteiras expressivas: é um caleidoscópio dramático, performance, tem um caráter romanesco, e há experimentos plásticos, visuais e sonoros intrigantes que levam a grafia do videoartista que se firmou nas últimas décadas como um dos mais importantes da videoarte mineira. Filmado em um galpão em Vespasiano (MG), o filme é baseado nos contos do escritor Murilo Rubião e tem o grande ator Chico Díaz vivendo o personagem protagonista Romeu. Teve um processo muito longo de produção, realização e pós-produção que durou alguns anos, e estrearemos em primeira mão na sua fatura final.

O Girassol Vermelho se localiza em um espaço industrial, meio futurista, meio vintage. Romeu pega um trem, mas a partir daí o rumo absurdo do personagem, seus encontros, sua prisão, seus medos e o onirismo que dá o tom servem como um laboratório complexo de experimento, não só do diretor e de sua equipe técnico-artística, mas principalmente dá subsídios e estímulos importantes para o ator Chico Díaz experimentar. O talento do ator em metabolizar em seu corpo, na sua voz e no seu tempo os sentidos dos projetos nos quais se vincula segue aqui sendo um espetáculo dos mais interessantes do cinema brasileiro, e que agora se junta a um diretor e equipe com o mesmo gosto pela experimentação. O Girassol é codirigido por Thiago Villas Boas, com fotografia de Stefan Ciupek, roteiro da Mônica Certeira com o próprio Eder Santos, a direção de arte é da Laura Vince com Allen Roscoe, produzido pelo André Hallak. Ótimo começo. Em sintonia com debates e filmes dos dias seguintes.

Francis Vogner dos Reis
Juliana Costa
Juliano Gomes
Curadores