BRUNA LINZMEYER

Bruna Linzmeyer é um dos principais nomes de uma geração de atores e atrizes que ascenderam no início da segunda década dos anos 2000, quando a televisão aberta para fazer frente à diversificação dos produtos audiovisuais estrangeiros, experimentou uma renovação de temas e formas na sua teledramaturgia e o mercado de cinema vivia um aquecimento estimulado pelas políticas públicas e por uma razoável circulação internacional. Diferente de outras gerações em que o cinema e televisão, mundos diferentes, se sucediam um ao outro na carreira de atores e atrizes, essa geração pertence a esses dois mundos concomitantemente. Bruna Linzmeyer é tanto uma popular atriz de televisão quando uma artista que trafegou por diferentes projetos de cinema, aportando mais recentemente no jovem cinema independente brasileiro.

Catarinense, se mudou para São Paulo aos 16 anos para estudar teatro e trabalhar como modelo. Estreou na televisão em 2010 na série Afinal, o que querem as mulheres? de Luiz Fernando Carvalho, e na sequência engatou uma série de novelas como Insensato Coração (2011), Gabriela (2012), Amor à vida (2013), Meu Pedacinho de Chão (2014), A Regra do jogo (2015), A Força do Querer (2015), O Sétimo Guardião (2018) e a primeira fase do remake de Pantanal (2022). No cinema estreou em 2013 na produção estrangeira Rio Eu te Amo ao lado de Rodrigo Santoro, e na década que se segue desde então realizou mais vinte e um filmes com destaque para os longas-metragens A Frente Fria que a Chuva Trás, de Neville d’Almeida (2016), O Filme da Minha Vida (2017), de Selton Mello, O Banquete, de Daniela Thomas (2018), O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues (2018), Medusa, de Anita Rocha da Silveira (2023), Baby, de Marcelo Caetano (2023) e Cidade, Campo, de Juliana Rojas (2024).

Para além dos longas, a sua filmografia chama a atenção por uma substantiva presença de filmes de curta-metragem, coisa rara para uma atriz já consagrada. Ela atuou em Alfazema, de Sabrina Fidalgo (2019), Uma Paciência Selvagem me Trouxe Até Aqui, de Eri Sarmet (2021, melhor curta da Mostra Foco da 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes) e Se Eu Tô aqui é Por Mistério, de Clari Ribeiro (2024, selecionado para a Mostra na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes). Nos próximos meses Bruna ainda estará no elenco da série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente, que Marcelo Gomes e Carol Minêm dirigiram para o canal Max, e do longa Bate e Volta Copacabana, de Juliana Antunes.

Artista de coragem e escolhas assertivas, Bruna Linzmeyer soma carisma rebelde, uma fotogenia rara, um talento mutante (que se transforma a cada projeto) e se apresenta como uma mulher de seu tempo, pois se vincula às lutas e a um cinema do prazer, inventivo, poético e desconcertante. Ela esteve muitas vezes nas telas da Mostra de Tiradentes, mas nessa 28ª edição Bruna Linzmeyer ela marcará sua presença como a nossa homenageada. E a honra é toda nossa.

Francis Vogner dos Reis
Coordenador Curatorial

Fotos: Clara Consentino